IBGE, olha pra gente!

Nada sobre nós sem nós

A coleta de dados da população brasileira sobre identidade de gênero, orientação sexual e pessoas intersexo é fundamental para a criação de políticas públicas e para diminuição das desigualdades sociais entre as LGBT+.

Porém, mais importante do que só perguntar, é saber como perguntar ;)

Por isso, nos unimos a Antra, ABGLT, Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, Rede Brasileira de Pessoas Intersexo e pesquisadoras da área ligadas a importantes universidades para questionar as perguntas sobre as LGBT+ que o IBGE está propondo em suas próximas pesquisas.

Nossos principais pontos:

  1. Valoramos o esforço empreendido pelo GT Orientação Sexual e Gênero do IBGE, composto pela própria equipe técnica do instituto, que não é especializada no tema da população LGBTQIA+, e a realização de reuniões de consulta com a sociedade civil;

  2. Lamentamos que a formação e sensibilização da própria equipe técnica do instituto não tenha se dado em parceria com a sociedade civil e consideramos que a sociedade civil deve ser considerada para esse processo de formação e atualização sobre essas questões;

  3. Dificuldades apontadas como resultantes de testes cognitivo ou piloto da PNDS poderiam ter sido mitigadas com uma maior participação da sociedade civil nos trabalhos do GT; 

  4. Identificamos na apresentação da reunião virtual erros de definição conceitual no material de formação de aplicadores e também nas falas da própria equipe técnica do IBGE;

  5. A falta de compartilhamento de informações dificulta a própria contribuição da sociedade civil, que não deve ser vista como mera validação simbólica e a posteriori do trabalho do GT;

  6. É muito preocupante que a formulação das novas perguntas ainda não tenha levado a uma reavaliação por parte do IBGE sobre como incorporá-las nas análises. Por exemplo, foi mencionado pela equipe do GT que apenas quem responder "mulher" (e não "mulher trans") será encaminhado para questionário específico sobre violência no PNDS. No entanto, sabemos pelos dados produzidos pela sociedade civil que não apenas gênero (englobando não só mulheres cis, mas também pessoas trans) é alvo maior de violência, mas também orientação sexual, intersecionados com raça e classe;

  7. Fomos informados, na reunião virtual do GT Orientação Sexual e Gênero do IBGE com a sociedade civil, de que a PNDS será realizada em breve e que não seria possível incorporar novas perguntas, apenas alterações de redação das já existentes ou supressão de perguntas. Ainda assim, elaboramos neste documento a formulação que consideramos ideal para as perguntas de “sexo atribuído no nascimento”, “variações das características sexuais”, “identidade de gênero” e “orientação sexual” para avaliação do IBGE. E estamos à disposição para discutirmos adaptações destas perguntas considerando especificamente a aplicação da PNDS que se aproxima. 

Se quiser ver o ofício completo, clica aqui!

gui mohallem

contemporary artist and activist for human rights and LGBT rights in Brazil

https://guimohallem.com
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